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O futuro da contabilidade – entrevista com Doug Sleeter

[/vc_column_text][vc_column_text]Algumas perguntas frequentemente permeiam o mercado contábil. Quais são as tendências? Quais os impactos das novas tecnologias? Para onde vai a contabilidade? Os contadores estão preparados para aproveitar essas tendências? Como melhorar o relacionamento com meu cliente e os resultados? Todas essas questões têm feito o setor contábil se mexer em busca de mudar o modelo de negócio para continuar inovando e captando novos clientes, fazendo uso das ferramentas e tecnologias disponíveis. Ao menos é o que foi constatado em recente encontro de profissionais e empresas do mercado contábil, em São Paulo.

Durante o evento, organizado por uma grande empresa do setor e que contou com palestras e discussões sobre esses assuntos, esteve presente o norte-americano Doug Sleeter, criador do Accountex, um dos maiores eventos de contabilidade do mundo. Sleeter, que também é fundador do The Sleeter Group, um grupo de especialistas do mercado contábil, responsável por auxiliar empreendedores de diferentes países e que está na lista das 100 pessoas mais influentes em contabilidade no mundo, falou com exclusividade e ajudou a colocar luz sobre as preocupações dos contadores e das contabilidades.

Na visão do especialista, a relação entre os empreendedores e os seus contadores deve ser mais próxima, aproveitando as novas tecnologias do setor. Para isso, é preciso mudar a mentalidade de ser apenas um profissional que insere dados contábeis em um software e passar a ser um conselheiro de confiança, que pode mostrar quais tecnologias serão determinantes para o sucesso do cliente, realizando um trabalho colaborativo com o cliente através de dados transacionais. Para Sleeter, o setor caminha para um uso cada vez maior das tecnologias disponíveis, como soluções em nuvem, redução da inserção de informações e mobilidade, mudando o atual cenário dos sistemas e processos para tornar a contabilidade mais consultiva.

Confira abaixo a entrevista:

Estamos vendo muita inovação neste mercado contábil e uma das fortes tendências é a automação. O que podemos esperar com toda essa automação e todas as novas ferramentas para as contabilidades?

Doug Sleeter: Bem, a tecnologia muda o tempo todo, e poderíamos dizer que a novidade é a IA (inteligência artificial), essa é a expressão que o mundo tem ouvido falar, e para que um dia a inteligência artificial se torne realidade  – o que eu não acho que já seja, porque tudo que ela está fazendo é analisar informação – nós precisamos ter dados e que esses dados sejam de qualidade. Então para termos dados de qualidade precisamos “desumanizar” o máximo que pudermos, e aí é onde entra a automação, ter o máximo de dados que podemos capturar e nos certificar de que são válidos. Esse é o motivo de eu ter falado de blockchain [na palestra]. Antes que chegue na base de dados, onde está publicado, por assim dizer, nós podemos melhorar e automatizar todo o processo de coleta de informações, mas nós só podemos melhorar aquilo que nós temos hoje. Porque o que nós temos hoje é toda essa informação vinda de algum lugar, mas não temos como saber de onde, nenhum filtro pra ter certeza do que é verdadeiro ou não. Portanto, é a grande questão na profissão contábil: a auditoria acontece porque nós não confiamos na informação e temos que validá-la. Assim, se nós pudermos inserir apenas informações válidas na base de dados, um arquivo geral, aí é que eu fico realmente empolgado, com essa automação e validação de dados antes de qualquer análise.

“a auditoria acontece porque nós não confiamos na informação”

Isso nos leva a outra pergunta: qual é o novo papel do contador? Quais habilidades o contador precisa ter para lidar com todas essas novas ferramentas e a automação?

DS: O contador que está no negócio há algum tempo, digamos dez ou mais anos, está acostumado a ser aquele que insere os dados no sistema contábil, ou, se não está inserindo, está conferindo e tudo o mais. Então, quando eu falo sobre automação, com toda a quantidade de inserção e validação de dados, a primeira coisa que eu vejo nos contadores é que eles estão nervosos e me falam “você está tirando meu trabalho”, e isso é uma preocupação válida. Isso é assim desde que os automóveis foram inventados e agora com todas as tecnologias diferentes, que estão sempre tirando o trabalho de alguém. Porém, isso nunca realmente acontece. O que eles fazem é encontrar novos empregos, ou realizarem uma parte diferente de seus trabalhos – e é onde isso realmente se torna relevante para os contadores: em vez de procurar um novo trabalho, é melhor fazer a parte do seu trabalho que é mais valorizada pelo cliente. Isso é um conselho estratégico. Então, pare de se concentrar na inserção de dados e faça mais para automatizar e aproveitar a tecnologia, para que você gaste menos tempo com essas tarefas e passe mais tempo pensando em “como posso mudar o resultado do negócio dos clientes” e, a propósito, “meus próprios resultados nos negócios”, porque se tem muito mais tempo agora para dar conselhos em vez de ficar apenas na parte transacional. E, com o serviço de consultoria, é possível cobrar a mais por isso. Seus clientes vão agradecê-lo, eles farão de você o consultor deles, um conselheiro de confiança, e você terá esse ótimo relacionamento com seus clientes, talvez até com um número menor de clientes. Se preferir, pode se especializar em apenas um cliente, de um tipo de indústria, por exemplo. Isso é o que eu acho que os contadores precisam fazer, toda essa automação é realmente uma boa notícia. E se você não concorda comigo, minha pergunta é: “o que você vai fazer quando todo mundo estiver automatizado e você não? Você vai perder seus clientes para a concorrência?”. Então, é um movimento defensivo e ofensivo ao mesmo tempo.

“pare de se concentrar na inserção de dados e faça mais para automatizar e aproveitar a tecnologia, para que você gaste menos tempo com essas tarefas e passe mais tempo pensando em ‘como posso mudar o resultado do negócio dos clientes’”

 

Então, eles precisam agir como um conselheiro de confiança para o cliente em vez de simples contadores, certo?

DS: Exatamente, isso é o que estamos buscando há algum tempo, ser um consultor de confiança, já que sempre fomos os profissionais mais confiáveis ​​para o cliente. De todos os conselheiros de um cliente, talvez até mesmo seus advogados, eles confiam mais em seu contador. Então, aproveite que você é o mais confiável. Você está lá constatando “eles confiam em mim”, então talvez agora é a hora de ser proativo e estratégico para aconselhá-los em vez de apenas dizer “aqui está sua demonstração financeira do ano passado” e eles responderem “sim, obrigado por isso, mas o que devemos fazer para melhorar no ano que vem?”.

“De todos os conselheiros de um cliente, talvez até mesmo seus advogados, eles confiam mais em seu contador”

 

O mercado está pronto para receber todas essas novas tecnologias e essa nova mentalidade para os contadores?

DS: O contador e o mercado de profissionais da contabilidade são preparados com tudo o que é relevante, tendo o conhecimento do que a contabilidade é e como ela é importante e o que ela faz e, assim, eles adquiriram o conhecimento. O que falta às vezes, em termos de preparação, é a compreensão da tecnologia. Então, se alguém não investiu realmente em sua própria educação, em educação continuada em tecnologia – e não digo que você precisa ser um programador, mas sim que você precisa saber como a internet funciona e como usá-la efetivamente, como usar ferramentas como reuniões online, por exemplo, para se encontrar com seus clientes, talvez até obtendo e compartilhando telas juntos – irá ficar para trás. Estas são apenas pequenas coisas. Mas, o que estou dizendo é que, se você está fazendo uso da tecnologia, então você está muito mais preparado para aproveitar de todas as outras oportunidades que falamos. Se você não está fazendo isso, faça agora! E isso significa: estude, leia livros, pratique, faça disso seu objetivo para ser tecnicamente mais inteligente.

“se você está fazendo uso da tecnologia, então você está muito mais preparado para aproveitar de todas as outras oportunidades”

 

As ideias e visões de mercado de Sleeter não param por aqui. A conversa foi tão boa que deixamos uma segunda parte da entrevista para a semana que vem, aqui mesmo no blog da Auditto. Não perca![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Sobre a Auditto

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